Diante do espelho, não é mais incômodo o
barulho do lunático barbudo rugindo obscenidades para
recém-nascidos. Orgulho-me do maxilar inchado, prova definitiva
da superioridade da mandíbula sobre o encéfalo. Entretanto, só
os dentes frontais podem ser empregados no dilaceramento da
carne. Os caninos existem num presente neolítico - intocável
porque dolorido - e a protuberância monumental de minha arcada
se transforma em parafusos de Frankestein escondidos mal e mal
pela barba da semana. Bolachas, as rôo com paciência, quinze
minutos cada uma. Aceito com tranquilidade minha metamorfose em
capivara bípede, ainda que por dez dias.
O fumo narcotiza a dor e embebeda o tubérculo que
engulo na sopa das seis. Quisera um dia, ser corpo de tigre em
nadadeiras de golfinho para percorrer mares e selvas com a
naturalidade com que vazo pelas tardes inúteis. Mas afinal de
contas, qual o sentido da doença quando passa o martírio? Agora
que a febre se foi, o que sobra senão o medo da movimentação
do vírus rumo à fertilidade do escroto? Sinto a força da
doença substituindo a falsidade dos meus músculos por uma
vitalidade unicelular e transmorfa. E então vem à mente a mãe
de todas as perguntas felizes: não é um pecado destruir um
cristal genético que vive apenas para subverter os estatutos de
minhas veias?
Pois que nade até meu saco mole e enrugado e
infle todos os canais seminíferos com sua Boa Nova. Afinal de
contas, não querias o bom e o novo inflamando este mundo velho
sem deus nem Porteira, não eras tu, ó barbudo do campo, o homem
que sonhava em plantar videiras negras e patuás de chifres de
bode nos cemitérios da bocadolixo; não estavas cansado da
hipócrita preservação do dígito binário como única fonte da
evolução humana; não querias instituir o lastro-merda para
todos os seres vivos do planeta definitivamente excretarem sua
auto-suficiência? Pois bem, diz-me o vírus, eis tua chance...
Posso te fazer nadadeira de baleia debaixo do barco de alumínio;
posso afiar tua agonia até o êxtase. Posso transfigurar-te,
fazer de todos os teus cabelos unidos um único chifre de Nerval,
do escroto uma bigorna e de teus olhos meus irmãos. Seremos
Seiscentos e Sessenta e Seis trilhões de trindades habitando o
mesmo corpo.
Eu esgarço um sorriso e das frestas da saliva
dragões viróticos, asas são maiores que o mundo, enfiam o
pescoço pelo útero do universo. Abocanho de uma só vez todos
os anjos pernósticos da alameda Santos e os demônios
arrependidos a negociar bíblias na praça da Sé. Fetos
anônimos do Apocalipse. Abaixo minhas calças, os testículos
caem como corpos que acabaram de ser crucificados e passam a
acompanhar com interesse cruzadas, guerras santas, e batalhas
futurísticas nas arquibancadas de um estádio de futebol. Coço
o saco demoradamente. Ainda não chegou a hora do Pacaembu
escorrer sua gema vermelha para as ruas da cidade. Brigo com um
velho que insiste em chamar guerreiros de vândalos. Bah! A putaqueopariu com os sonhos pacíficos das Bucetas. Meu saco se foi e
já posso esporrar livremente pela boca aberta. Meu gozo se torna
um grito lançado pelo cu do mundo. E, acreditem, um dia os
machos parirão como os cavalos marinhos e as fêmeas governarão
a Terra. Continuarão, porém, apanhando de maridos suados,
peludos e fedidos e toda a essência do feminismo será o chip de
champanhe desalcoolizada que o amante sofisticado e bonito
oferecerá, com um sorriso de mestre cuca francês, à mulher de
cinta-liga preta, nos píxeis das revistas neomoderninhas...
Mas haverá casais sentados no banco da praça
para esperar o último crepúsculo. Aguçarão os ouvidos para
perceber o crepitar dos cometas invadindo nossa atmosfera. Ele
tocará os bicos dos seios dela com a ponta dos dedos que
avançarão mais e mais até que toda a extensão dos vales
caibam na palma de sua mão. Ela se divertirá com a semelhança
entre o pau dele e um chocalho. Não os incomodarão os policiais
e torcedores gritando ao horizonte enquanto masturbam-se com as
mãos decepadas de papas e políticos. Não, pelo contrário,
sorrirão e os abraçarão. E os casais virarão tríades,
quadrados, trapézios, losangos, pentateucos, octetos, cones,
elipses, espirais, até tornarem-se a tessitura viva do planeta
agonizante. Então, quando toda a galáxia gritar de revolta e
cuspir plasma para demonstrar nossa insignificância, o orgasmo
trespassará o apocalipse e um jato potentíssimo de esperma e
sucos vaginais foderá a ira santa do Universo, tornando-a o mais
mundano dos nasceres solares. E neste fim de ciclo, eu te
prometo, o mundo não vai acabar.
E não me venham depois me chamar de herético, ou
machista, ou reacionário, ou anacrônico, mesmo visionário,
profeta ou outra coisa qualquer! Serei então um bode velho e
caxumbento pastando asas em carcaças de anjos. O saco arrastando
no chão, os olhos a contemplar o vácuo do que foi o paraíso,
os chifres afiados nos escombros do Éden. Só faltará então a
alegre carreira desgovernada para, a cabeçadas, pôr abaixo os
portais do inferno.
Maurício Ferreira
Visão do Apocalipse com Caxumba"
foi originalmente publicado na revista Azougue #2
A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
31 de outubro de 2013
30 de outubro de 2013
A Lógica
Aponte em que consiste o vício de construção do
seguinte silogismo:
Mortal
era Sócrates.
Pois
bem, eu sou parisiense.
Logo,
todos os pássaros cantam.
Quando você "supõe resolvido o problema", por
que continua, então, a demonstração? Não seria
melhor que fosse dormir?
Poema de Juan Luis Martínez (1942-1993). Do livro La nueva novela (1977)
Black blocs, o assassinato do menino Douglas e o inferno anunciado...
É a partir de histórias como a do assassinato de Douglas que muitas ações dos black blocs nas ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo devem ser entendidas.
No dia 3 janeiro à noite, bem antes das Jornadas de Junho, uma
chacina chocou São Paulo. Laércio de Souza Grimas, o DJ Lah, de 33
anos, do grupo Conexão do Morro, foi assassinado com outras seis pessoas
num bar do Campo Limpo, zona Sul de São Paulo. Bar que ficava em frente
ao local onde tinha sido assassinado o pedreiro Paulo Batista do
Nascimento, numa execução que, filmada, acabou no Fantástico da Rede
Globo.
No dia 7 de janeiro, ainda em férias, escrevi um post sobre o assunto. Um dos trechos:
“Segue um relato-reportagem, a meu pedido, feito pelo repórter Igor Carvalho sobre o caso do massacre de Campo Limpo e seu contexto. Igor esteve ontem no local da chacina e conversou com uma série de pessoas que pediram anonimato. O clima em Campo Limpo e em outros bairros da periferia é terrível. Misto de revolta e medo. Perfeito para produzir reações extremadas. Quem acha que a situação atual é ruim, vai ter saudades do hoje. São Paulo pode virar um inferno. Eu, acima assinante, responsabilizo Alckmin por isso. Foi ele quem disse que quem não reagiu está vivo. E que de certa forma autorizou a bárbarie.” Você pode ler a nota inteira aqui
Este texto não foi premonitório. Era simples análise jornalística com base em informações apuradas pelo repórter Igor Carvalho e por mim. Uns sessenta dias após escrevê-lo, encontrei-me com um personagem importante no contexto da periferia paulistana. No meio da conversa-entrevista ele me pediu para desligar o gravador e disse algo mais ou menos assim:“o povo vai reagir, a molecada tá se mexendo e vai para cima… A coisa vai ficar feia”.
Lembrei disso no dia 6 de junho, quando por acaso me encontrei no meio da conflito do primeiro ato do Movimento Passe Livre no centro de São Paulo. Fiquei impressionado com o olhar de raiva daqueles garotos e garotas que escondiam seus rostos sob camisetas e pedaços de pano. E registrei aqui no blogue um post do qual extraio o trecho abaixo:
“Eram garotos pobres, com muita raiva. Garotos e garotas indignados e revoltados. E que pareciam não estar ali só por conta do aumento da passagem, mas porque precisam gritar que existem (…) A periferia brasileira está em movimento e em disputa. E se a cidade não passar a ser pensada para esses milhões de jovens, em breve algo muito maior do que aconteceu na quinta vai estourar.”
No domingo, Douglas Rodrigues, de 17 anos, foi baleado de forma covarde por um Policial Militar. E antes de morrer, segundo seu irmão de 12 anos, perguntou: "Senhor, por que o senhor atirou em mim?"
Ainda no domingo, as ruas da Vila Medeiros foram tomadas por pessoas revoltadas com este fato. Ontem à noite, foi a rodovia Fernão Dias que literalmente pegou fogo. Atacaram carros, caminhões, imóveis… Uma revolta generalizada escrita em sangue pelas últimas palavras de um garoto de 17 anos: “Senhor, por que o senhor atirou em mim?”
É a partir de histórias como essa que as cenas de agressão ao coronel Reynaldo Rossi, que geraram comoção midiática, precisam ser entendidas. Vejam bem, não estou dizendo que precisam ser justificadas.
É a partir de histórias como a do assassinato de Douglas que muitas ações dos blacks blocs nas ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo devem ser entendidas. Vejam bem, não estou dizendo que devem ser justificadas.
Os jovens de periferia não querem mais ver irmãos, parentes, amigos, colegas ou apenas conhecidos, serem enterrados porque cometeram o crime de terem nascido, em geral negros, e viverem nas periferias. Eles estão dizendo chega.
E a nossa democracia, sim, democracia, não tem dado conta de resolver esse problema. E eles perderam o medo de perder a vida se necessário for para mostrar que não irão bovinamente para covas rasas de cemitérios. Assassinados por polícias que deveriam preservar suas vidas. E vitimados por um Estado que não lhes garante futuro e nem paz.
A ação black block no Brasil (e ela é diferente de outros países), se alguém ainda tinha dúvida, é fruto, sim, também disso. E principalmente disso. Da violência policial. Os black blocs nunca lutaram por vinte centavos, por transporte melhor ou por melhores salários dos professores. Esses meninos têm ódio da polícia. Eles pulam de ódio da polícia. Eles querem derrotar a polícia. Não são só garotos e garotas de periferia. Mas os que não são também não aceitam como legítima a ação das forças policiais. E querem derrotar a polícia.
Se acho isso bom? Se acho isso ruim? Não acho nada. Quero que a democracia que construímos seja capaz de se relacionar com essa questão sem tentar eliminar fisicamente esses meninos e meninas. E sem criminalizar suas ações e reações.
E que a nossa inteligência seja capaz de ir além de simplismos como a de chamá-los de vândalos e fascistas.
Até porque a preguiça intelectual também é uma forma de violência dos que têm o poder de pautar o debate na sociedade. Os black blocs não precisam da minha defesa. Até porque não me associo às suas práticas. Mas entendo perfeitamente os garotos e garotas que têm ódio da polícia. Se Douglas, fosse seu filho, irmão, primo, amigo, será que você não entenderia?
- Senhor, por que o senhor atirou em mim…
PS: Se você ainda tem dúvida do quão essa história não começou em junho deste ano, leia esta pequena nota:Massacre do Carandiru: da ditadura ao DJ Lah, do Igor Carvalho.
No dia 7 de janeiro, ainda em férias, escrevi um post sobre o assunto. Um dos trechos:
“Segue um relato-reportagem, a meu pedido, feito pelo repórter Igor Carvalho sobre o caso do massacre de Campo Limpo e seu contexto. Igor esteve ontem no local da chacina e conversou com uma série de pessoas que pediram anonimato. O clima em Campo Limpo e em outros bairros da periferia é terrível. Misto de revolta e medo. Perfeito para produzir reações extremadas. Quem acha que a situação atual é ruim, vai ter saudades do hoje. São Paulo pode virar um inferno. Eu, acima assinante, responsabilizo Alckmin por isso. Foi ele quem disse que quem não reagiu está vivo. E que de certa forma autorizou a bárbarie.” Você pode ler a nota inteira aqui
Este texto não foi premonitório. Era simples análise jornalística com base em informações apuradas pelo repórter Igor Carvalho e por mim. Uns sessenta dias após escrevê-lo, encontrei-me com um personagem importante no contexto da periferia paulistana. No meio da conversa-entrevista ele me pediu para desligar o gravador e disse algo mais ou menos assim:“o povo vai reagir, a molecada tá se mexendo e vai para cima… A coisa vai ficar feia”.
Lembrei disso no dia 6 de junho, quando por acaso me encontrei no meio da conflito do primeiro ato do Movimento Passe Livre no centro de São Paulo. Fiquei impressionado com o olhar de raiva daqueles garotos e garotas que escondiam seus rostos sob camisetas e pedaços de pano. E registrei aqui no blogue um post do qual extraio o trecho abaixo:
“Eram garotos pobres, com muita raiva. Garotos e garotas indignados e revoltados. E que pareciam não estar ali só por conta do aumento da passagem, mas porque precisam gritar que existem (…) A periferia brasileira está em movimento e em disputa. E se a cidade não passar a ser pensada para esses milhões de jovens, em breve algo muito maior do que aconteceu na quinta vai estourar.”
No domingo, Douglas Rodrigues, de 17 anos, foi baleado de forma covarde por um Policial Militar. E antes de morrer, segundo seu irmão de 12 anos, perguntou: "Senhor, por que o senhor atirou em mim?"
Ainda no domingo, as ruas da Vila Medeiros foram tomadas por pessoas revoltadas com este fato. Ontem à noite, foi a rodovia Fernão Dias que literalmente pegou fogo. Atacaram carros, caminhões, imóveis… Uma revolta generalizada escrita em sangue pelas últimas palavras de um garoto de 17 anos: “Senhor, por que o senhor atirou em mim?”
É a partir de histórias como essa que as cenas de agressão ao coronel Reynaldo Rossi, que geraram comoção midiática, precisam ser entendidas. Vejam bem, não estou dizendo que precisam ser justificadas.
É a partir de histórias como a do assassinato de Douglas que muitas ações dos blacks blocs nas ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo devem ser entendidas. Vejam bem, não estou dizendo que devem ser justificadas.
Os jovens de periferia não querem mais ver irmãos, parentes, amigos, colegas ou apenas conhecidos, serem enterrados porque cometeram o crime de terem nascido, em geral negros, e viverem nas periferias. Eles estão dizendo chega.
E a nossa democracia, sim, democracia, não tem dado conta de resolver esse problema. E eles perderam o medo de perder a vida se necessário for para mostrar que não irão bovinamente para covas rasas de cemitérios. Assassinados por polícias que deveriam preservar suas vidas. E vitimados por um Estado que não lhes garante futuro e nem paz.
A ação black block no Brasil (e ela é diferente de outros países), se alguém ainda tinha dúvida, é fruto, sim, também disso. E principalmente disso. Da violência policial. Os black blocs nunca lutaram por vinte centavos, por transporte melhor ou por melhores salários dos professores. Esses meninos têm ódio da polícia. Eles pulam de ódio da polícia. Eles querem derrotar a polícia. Não são só garotos e garotas de periferia. Mas os que não são também não aceitam como legítima a ação das forças policiais. E querem derrotar a polícia.
Se acho isso bom? Se acho isso ruim? Não acho nada. Quero que a democracia que construímos seja capaz de se relacionar com essa questão sem tentar eliminar fisicamente esses meninos e meninas. E sem criminalizar suas ações e reações.
E que a nossa inteligência seja capaz de ir além de simplismos como a de chamá-los de vândalos e fascistas.
Até porque a preguiça intelectual também é uma forma de violência dos que têm o poder de pautar o debate na sociedade. Os black blocs não precisam da minha defesa. Até porque não me associo às suas práticas. Mas entendo perfeitamente os garotos e garotas que têm ódio da polícia. Se Douglas, fosse seu filho, irmão, primo, amigo, será que você não entenderia?
- Senhor, por que o senhor atirou em mim…
PS: Se você ainda tem dúvida do quão essa história não começou em junho deste ano, leia esta pequena nota:Massacre do Carandiru: da ditadura ao DJ Lah, do Igor Carvalho.
PS:
O PM assassino de Douglas alega que sua arma disparou de forma
acidental porque a porta do carro da viatura bateu na sua mão. Na
delegacia, ele foi preso por acidente culposo, quando não há intenção de
matar. E seus amigos da PM há reuniram testemunham que se dispuseram a
corroborar essa versão inverosímel e que é contestada por quem estava
lá. Mas não é só isso. Enquanto a mãe de Douglas dava entrevistas, carros de polícia passavam
na frente de sua casa numa clara demonstração de intimidação. E 90
pessoas foram presas porque se revoltaram ontem à noite com tudo isso.
Não, o caso Amarildo não é uma exceção. E você ainda acha que o correto é
ficar quieto e fazer de conta que tudo isso é coisa da vida?
Créditos da foto: Racismo Ambiental
29 de outubro de 2013
28 de outubro de 2013
Crônica de uma cidade sitiada
Demasiado velho para pegar em armas e combater como os demais
foi-me generosamente atribuído o cargo inferior de cronista
e registro – sem saber para quem – a história do cerco
tenho de ser rigoroso mas não sei quando teve início a invasão
há duzentos anos em Dezembro Setembro ontem de manhã
aqui todos perdemos a noção do tempo
só nos deixaram este lugar a ligação a este lugar
governamos sobre ruínas de templos de fantasmas de casas e jardins
se perdêssemos as nossas ruínas ficaríamos sem nada
escrevo como posso ao ritmo de semanas sem fim
Segunda-feira: as lojas estão vazias o rato converteu-se em unidade monetária
Terça-feira: o presidente da câmara foi assassinado por desconhecidos
Quarta-feira: rumores de armistício o inimigo pôs a ferros os nossos enviados
não sabemos onde eles os têm presos isto é onde os mataram
Quinta-feira: após uma assembleia tempestuosa a maioria votou contra
a proposta de rendição incondicional apresentada pelos mercadores
Sexta-feira: a investida da peste Sábado: suicidou-se N. N.
o valoroso guerreiro Domingo: não há água repelimos
o ataque até à porta oriental chamada a Porta da Aliança
eu sei que é monótono tudo isto não vai comover ninguém
evito comentários mantenho sob controle as emoções descrevo fatos
parece que só os fatos têm valor nos mercados estrangeiros
com uma espécie de orgulho quero dizer ao mundo
que graças à guerra criamos uma nova raça de crianças
as nossas crianças não gostam de contos de fadas brincam aos tiros
dia e noite sonham com sopa pão ossos
tal como os cães e os gatos
gosto ao entardecer de passear nos limites da cidade
ao longo das fronteiras da nossa incerta liberdade
olho de cima a multidão de soldados com as suas luzes
ouço o rufar dos tambores e os gritos dos bárbaros
é incrível que a cidade continue a resistir
o cerco dura há muito os inimigos atacam-nos à vez
nada os une a não ser a vontade de nos destruírem
os Godos os Tártaros os Suecos as tropas do Imperador regimentos
da Transfiguração do Senhor
quem os pode enumerar
as cores dos estandartes mudam como as duma floresta ao longe
de um delicado amarelo de ave na primavera até ao preto invernal
passando pelo verde
e assim à noitinha libertado dos fatos posso meditar
em longínquos assuntos passados por exemplo nos nossos
aliados de além-mar cuja compaixão é sincera eu sei
enviam-nos sacos de farinha conforto toucinho e bons conselhos
sem sequer se aperceberem que foram os seus pais quem nos traiu
os nossos antigos aliados do tempo do segundo Apocalipse
mas os filhos não têm culpa merecem a nossa gratidão e por isso agradecemos
eles nunca passaram pela eternidade de um cerco
as pessoas marcadas pelo infortúnio estão sempre sozinhas
defensores do Dalai Lama dos Curdos e dos afegãos
no momento em que escrevo estas palavras os partidários do compromisso
ganham uma ligeira vantagem sobre a facção dos destemidos
habituais são as oscilações de ânimo o nosso destino está ainda a ser pesado
os cemitérios tornam-se maiores diminui o número dos defensores
mas a defesa continua e continuará até ao final
e se a Cidade cair e apenas um de nós sobreviver
esse levará dentro de si a Cidade pela estrada do exílio
será ele a Cidade
olhamos para o rosto da fome o rosto do fogo o rosto da morte
e o pior de todos – o rosto da traição
e só os nossos sonhos nunca foram humilhados
POEMA DE ZBIGNIEW HERBERT
(Versão, do inglês, de José Miguel Silva).
foi-me generosamente atribuído o cargo inferior de cronista
e registro – sem saber para quem – a história do cerco
tenho de ser rigoroso mas não sei quando teve início a invasão
há duzentos anos em Dezembro Setembro ontem de manhã
aqui todos perdemos a noção do tempo
só nos deixaram este lugar a ligação a este lugar
governamos sobre ruínas de templos de fantasmas de casas e jardins
se perdêssemos as nossas ruínas ficaríamos sem nada
escrevo como posso ao ritmo de semanas sem fim
Segunda-feira: as lojas estão vazias o rato converteu-se em unidade monetária
Terça-feira: o presidente da câmara foi assassinado por desconhecidos
Quarta-feira: rumores de armistício o inimigo pôs a ferros os nossos enviados
não sabemos onde eles os têm presos isto é onde os mataram
Quinta-feira: após uma assembleia tempestuosa a maioria votou contra
a proposta de rendição incondicional apresentada pelos mercadores
Sexta-feira: a investida da peste Sábado: suicidou-se N. N.
o valoroso guerreiro Domingo: não há água repelimos
o ataque até à porta oriental chamada a Porta da Aliança
eu sei que é monótono tudo isto não vai comover ninguém
evito comentários mantenho sob controle as emoções descrevo fatos
parece que só os fatos têm valor nos mercados estrangeiros
com uma espécie de orgulho quero dizer ao mundo
que graças à guerra criamos uma nova raça de crianças
as nossas crianças não gostam de contos de fadas brincam aos tiros
dia e noite sonham com sopa pão ossos
tal como os cães e os gatos
gosto ao entardecer de passear nos limites da cidade
ao longo das fronteiras da nossa incerta liberdade
olho de cima a multidão de soldados com as suas luzes
ouço o rufar dos tambores e os gritos dos bárbaros
é incrível que a cidade continue a resistir
o cerco dura há muito os inimigos atacam-nos à vez
nada os une a não ser a vontade de nos destruírem
os Godos os Tártaros os Suecos as tropas do Imperador regimentos
da Transfiguração do Senhor
quem os pode enumerar
as cores dos estandartes mudam como as duma floresta ao longe
de um delicado amarelo de ave na primavera até ao preto invernal
passando pelo verde
e assim à noitinha libertado dos fatos posso meditar
em longínquos assuntos passados por exemplo nos nossos
aliados de além-mar cuja compaixão é sincera eu sei
enviam-nos sacos de farinha conforto toucinho e bons conselhos
sem sequer se aperceberem que foram os seus pais quem nos traiu
os nossos antigos aliados do tempo do segundo Apocalipse
mas os filhos não têm culpa merecem a nossa gratidão e por isso agradecemos
eles nunca passaram pela eternidade de um cerco
as pessoas marcadas pelo infortúnio estão sempre sozinhas
defensores do Dalai Lama dos Curdos e dos afegãos
no momento em que escrevo estas palavras os partidários do compromisso
ganham uma ligeira vantagem sobre a facção dos destemidos
habituais são as oscilações de ânimo o nosso destino está ainda a ser pesado
os cemitérios tornam-se maiores diminui o número dos defensores
mas a defesa continua e continuará até ao final
e se a Cidade cair e apenas um de nós sobreviver
esse levará dentro de si a Cidade pela estrada do exílio
será ele a Cidade
olhamos para o rosto da fome o rosto do fogo o rosto da morte
e o pior de todos – o rosto da traição
e só os nossos sonhos nunca foram humilhados
POEMA DE ZBIGNIEW HERBERT
(Versão, do inglês, de José Miguel Silva).
26 de outubro de 2013
25 de outubro de 2013
Worker sabotage in a financial services call centre
Worker sabotage in a financial services call centre
An inspiring first person account of employee sabotage in a pensions call centre, where workers helped customers recoup forgotten pension benefits at the cost of the company in response to bullying management.
Some years ago I worked in a call centre/contact centre as a pension/assurance call handler, with complaints handling as my main work. There were maybe 200 workmates/25 bosses on my floor. Every day at least a few people (often several people) burst into tears, for being sworn at, threatened, made anxious, etc by complaints (at the time of intensive conflict about the failure of low cost endowments - 'policy holders' vs 'financial advisors') for mis-sold policies.
In our case, the company Scottish Widows Plc had a fairly typical call centre layout: 6-12 workers per per composite table with a line manager, every few composite tables had a group of mentors (for tech advice to workers) and a few floor managers. All bosses knew very well the severe stress caused to workers, and a culture of blaming the victim was used - if a woman burst to tears "she was not suitable for the job" or "not tough enough". If men broke down and screamed out, hit their desks or cried, similar accusations were made. The standard induction course of Scottish Widows at my workplace specifically noted that call centre/contact centre (particularly complaint handler) jobs had an expectancy of not lasting longer than two years.
To keep the pressure on, Learning and Developement Plans (LDPs) were used for monthly/quarterly review, so that the company kept track of targets being met. Those who didn't meet targets went on formal Performance Reviews (a warning system which is either dropped if you return to target, or dismissal if not). One of our workmates was put on paperwork tasks because she burst into tears in the morning. We had our tea break and news came to us that she and another workmate were no coping in the morning before 10.30am. We came back from our smoke and she was back on the phone taking complaints. So a few of us confronted the line manager, demanding an explanation of why she is being exposed to calls after the morning stress. He said he didn't expect her to be around much longer and needed call handlers on call. After months of pressure we secured safer work (data entry) for her and a few others. In the meantime, we introduced our own version of "work to rule". Between us we agreed:
we would conference calls (put calls on hold if calls were from financial advisors, or other business source which caused us stress, until callers hung up, which made a second call line available, while the first was on hold).
while the call was on hold, we would search through our lists of previous pension calls about "gone aways/addressee unknown/return to sender" change of address entries, the reason for this is that pension companies make a fortune from abandoned pensions. We searched company information on systems and phoned relatives, friends anyone who we could find that might be able to speak with pension owners that have lost track of their money.
About pensions - if you retire early (eg. maybe a professional dancer will retire at 35 or 45 because of the workload/health ratio, your back can't take the pressure throughout your life to a 60/65 retirement). Retiring early is one of the greatest penalty calculations to a pension annuity, another high penalty at retirement is to cover a second person (spouse). Obviously many people retire at an average retirement age, but with the mature years sometimes comes forgetfulness.
In one case a man worked two jobs of about 30 years each. He forgot about his first pension when his age of retirement came about because he moved home a few years before retiring. He was in his late 70s when he actually retired on the one more recent pension he knew about. A further interesting thing about pensions is that the calculation becomes extremely favourable when you get your pension late (recovered pensions cost companies a lot). He was in a list of "gone aways" and during one of our "work to rule" calls we found someone who knew him and they would ask him to phone us. We took the call a few days later. At this time the pensioner was in his late 90s struggling on a standard pension. The fact his earlier pension was not used at retirement meant that now that he is in his late 90s it was worth hundreds of thousands of pounds. He was one out of hundreds of people we did this for, despite that management didn't have an idea what we were doing.
I witnessed this method being used for long over a year until I had my final conflict with the managers. Workmates I spoke to years afterwards said that this method was still used occasionally. We cost Scottish Widows millions of pounds - SW bosses are selfish bastards. We hit them where it hurt!
This account was originally posted as a comment by AES here in our forums. The formatting has been slightly edited by libcom.org.
23 de outubro de 2013
Os limites do neodesenvolvimentismo
Primeiro, como salientamos nos últimos artigos,
partimos da hipótese de que neodesenvolvimetismo não é neoliberalismo.
Na verdade, neodesenvolvimentismo diz respeito a outro padrão de
desenvolvimento capitalista no interior da temporalidade histórica do
capitalismo global ou bloco histórico do mercado mundial sob o regime de
acumulação flexível predominantemente financeirizado. Na verdade, o
neodesenvolvimentismo no Brasil nasce da crise do modo de desenvolvimento
neoliberal no Brasil nos primórdios da década de 2000, embora ele próprio – o
neodesenvolvimentismo – não consiga romper o bloco histórico do capitalismo
neoliberal que deu origem a nova forma de Estado politico do capital (Estado
neoliberal), desenvolvida nos últimos trinta anos, tanto no centro quanto na
periferia capitalista desenvolvida. Nesse caso, o neodesenvolvimentismo no
Brasil é uma variante do desenvolvimento capitalista possível na periferia
capitalista inserida na macroestrutura do sistema do capital no plano mundial.
No Brasil, na década de 1990, a frente politica
do neoliberalismo vitoriosa nas eleições de 1989 (com Fernando Collor de Mello)
e depois, em 1993 (com Fernando Henrique Cardoso), adequou o capitalismo
brasileiro à nova ordem burguesa global, constituindo os pilares do Estado
neoliberal no Brasil, o Estado politico do capital adequado à nova
temporalidade histórica do capitalismo global ou bloco histórico da acumulação
flexível de cariz predominantemente financerizado (a frente política do
neodesenvolvimentismo ao assumir o governo em 2003, incapaz de alterar a forma
do Estado neoliberal, organizou seu plano de governo no interior da nova forma
estatal construída na década anterior).
Na década neoliberal no Brasil, ocorreu um
terremoto social que alterou não apenas a morfologia social do trabalho no
Brasil, mas também o perfil da grande burguesia brasileira. Nesse período, no
bojo da adequação à ordem burguesa global, consolidou-se um novo bloco de
poder no capitalismo brasileiro, a partir do qual se articulou inicialmente
a frente politica do neoliberalismo, com os partidos PSDB-PFL, que durante
quase dez anos, governaram o Brasil (1994-2002).
É importante esclarecer que bloco de poder
não se confunde com frente politica tendo em vista que frente politica é
a articulação de classes, camadas, frações e categorias sociais de classe, que
apoiam, por exemplo, um governo e sua estratégia politica.
Por
exemplo, o bloco de poder neoliberal é o bloco das classes dominantes
(com suas camadas, frações e categorias sociais) que mantém o poder do capital
nas condições do capitalismo global. A espinha dorsal do novo bloco de poder no
Brasil constituído na década neoliberal é constituída pelo capital financeiro
que possui vínculos orgânicos, por exemplo, com o agronegócio, empreiteiras,
grandes corporações industriais, grandes empresas de distribuição e serviços de
telecomunicações, inclusive fundos de pensões sob gestão estatal. Deste modo, o
bloco de poder neoliberal constitui uma “oligarquia financeira” que encontra no
aparato do Estado neoliberal, um veículo privilegiado de articulação sistêmica
(a frente política do neodesenvolvimentismo, que é governo, não conseguiu
romper com o poder dos grandes grupos financeiros).
Para mais:http://blogdaboitempo.com.br/2013/10/22/os-limites-do-neodesenvolvimentismo/
21 de outubro de 2013
Todxs contra o Leilão do pré-sal, contra a opressão & pela educação!
When: 22 de outubro de 2013 @ 17:00 - 22:00
Excluding: 23 de outubro de 2013
Where: Candelária - Praça Pio X - Centro Rio de Janeiro,20040-020 Brasil
.** ÀS 17:00H ** NO CENTRO, CANDELÁRIA.
** EVENTO UNIFICADO **
# CONTRA O LEILÃO
# CONTRA OPRESSÃO
# PELA EDUCAÇÃO
Nas jornadas de junho, a população brasileira tomou as ruas do Brasil para lutar contra o aumento das tarifas dos transportes públicos e por direitos sociais. O despertar de muitos, assustou os governantes. Essa luta segue firme com a greve dos profissionais da educação e a defesa da educação pública que vem arrastando milhares no Rio de Janeiro. E nessa segunda-feira, 21 de outubro, essa história terá mais um importante capítulo: barrar o criminoso leilão do pré-sal brasileiro.
A presidenta Dilma Rousseff contraria suas promessas de campanhas e promove a maior privatização do patrimônio público do país com a entrega do pré-sal para multinacionais estrangeiras. Nem os escândalos de espionagem dos EUA fizeram o Governo Federal recuar.
O leilão do campo de Libra acontecerá nesta segunda-feira (21), no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca. Os movimentos sociais farão uma manifestação em frente ao hotel na mesma data, a partir das 10h. O objetivo é barrar a privatização do pré-sal e exigir que todos os recursos do petróleo sejam destinados para educação, saúde, moradia, energias limpas. Não queremos apenas os 15% referentes aos royalties, queremos que todo o dinheiro do petróleo esteja à serviço do povo brasileiro.
O Sindipetro-RJ disponibilizará transporte saindo do Centro do Rio de Janeiro para facilitar o deslocamento dos manifestantes. Os ônibus sairão a partir das 7h da manhã da Av. República do Paraguai, que fica entre o edifício sede da Petrobrás, o BNDES e a Catedral do Rio de Janeiro.
Todo Petróleo Tem que Ser Nosso!
Em 1995, com a lei que quebrou o monopólio estatal e instituiu a privatização do petróleo brasileiro, FHC chamou o Exército para ocupar as refinarias e calar a voz dos petroleiros. Em 2013, Dilma Rousseff convoca as Forças Armadas para garantir o leilão de Libra. A Presidência da República se volta contra o povo e abdica da soberania nacional para garantir os interesses das grandes corporações empresariais. Leiloar Libra, o maior campo de petróleo do Brasil, uma riqueza estimada em 1,5 trilhão de dólares, é trair trabalhadores, estudantes, aposentados e jovens.
Brasileiras e brasileiros, no dia 21 de outubro, vamos manifestar nossa indignação. Vá para as ruas com a Bandeira do Brasil, vista-se de preto, coloque fitas pretas nos carros e panos pretos nas janelas, em sinal de luto pelo Brasil. Não ao leilão de Libra!
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Diante da intransigência e da truculência dos governos do Estado e do munícipio em relação a legítima proposta feita pelos educadores sobre melhorias na educação, o povo do Rio deve voltar às ruas para protestar!
Nos encontraremos em frente à Candelária e partiremos para a Cinelândia, local onde a polícia massacrou os professores municipais do Rio.
Sobre datas: vamos fazer como Junho, uma manifestação puxando a outra, cada vez com mais gente, cada vez chamando mais amigos. Até, tal qual junho, conseguirmos o que queremos.
Esse ato é em apoio à luta dos profissionais de educação e do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação – SEPE. Eles são os protagonistas dessa luta e nos ajudarão a formular a pauta. Se você é contra a greve dos professores, não entende sua função na luta por uma educação de qualidade e não entende o direito dos professores de fazerem greve, talvez esse ato não seja para você.
Pauta da educação municipal:
1 – Pelo cancelamento imediato da votação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários votado no dia 1º de outubro, à portas fechadas e sem diálogo com a categoria.
2 – Pelo direito a manifestação dos profissionais de educação!
3 – Contra o Projeto meritocrático e neoliberal de Eduardo Paes para a educação.
4 – Por um Plano de Cargos discutido com a categoria e que represente TODOS os profissionais da educação.
Pauta da educação estadual:
1 – Plano de carreira para funcionários.
2 – Uma matrícula, uma escola – que cada professor se dedique a uma escola.
3 – Um terço da carga horária para planejamento de aulas.
4 – Gestão democrática com eleição direta para diretores.
5 – Fim dos exames meritocráticos(SAERJ)
Pautas gerais:
- Mais democracia, menos violência policial e pela liberdade de manifestação!
ATENÇÃO:
1 – São proibidas postagens ofensivas e racistas, machistas, homofóbicas ou preconceituosas.
2 – A passeata será democrática e será plenamente tolerada a presença de bandeiras de partidos e causas que apoiem a luta dos professores. Da mesma forma, serão permitidas as máscaras, qualquer tipo de vestimenta e cartaz.
3 – Isso aqui não é ponto de venda. Qualquer comentário para divulgar página comercial ou evento comercial, será apagado.
4 – Toleraremos qualquer discurso, menos a intolerância. Assim, postagens que desrespeitarem essas questões, serão apagadas. Aqui é para lutar por mais direitos e pela educação e não por mais repressão.
Pra quem não sabe o que está acontecendo em um BREVE HISTÓRICO:
A prefeitura diz que é democrática e preza o diálogo, mas optou pelo confronto com os profissionais da educação.
1- Durante mais de quatro ano o prefeito e a secretária de educação se recusaram a receber os profissionais da educação em audiência;
2- Somente após a greve o prefeito e a secretária aceitaram receber o SEPE;
3- Os profissionais da educação aceitam suspender a greve em negociações que incluíam o envio para a Câmara Municipal de um plano de carreira a ser construído junto com o SEPE e que garantisse paridade, progressão por tempo de serviço, progressão por formação e carreira unificada de profissional da educação;
4- A prefeitura envia mensagem à Câmara sem conversar com o sindicato e sem cumprir as premissas combinadas;
5- Os profissionais da educação retomam a greve, exigem a retirada do plano e apresentam uma proposta alternativa;
6- A prefeitura se recusa a retirar o plano e passa a negociar emendas com a base aliada, sem convocar a oposição e se recusando a ouvir o sindicato;
7- Os profissionais da educação ocupam a Câmara Municipal exigindo a retirada do plano e a reabertura de negociações;
8- O governo usa e abusa da violência policial para retirar os manifestantes e aprovou o plano ontem em meio a toda inconstitucionalidade e massacre observados.
9- O final desta história depende do povo da cidade do Rio de Janeiro.
PARA INFORMAÇÃO
Seguem os links dos Planos de Carreira em discussão:
Plano elaborado pela prefeitura (e rechaçado pelos profissionais da Educação) http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim326.pdf
Plano proposto pelo SEPE – http://www.seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim327.pdf
Genesis
Uitoto Indian (Colombia)
Genesis
1.
In the beginning the word gave origin to the father.
2.
A phantasm, nothing else existed in the beginning: the Father touched an illusion, he grasped something mysterious. Nothing existed. Through the agency of a dream our Father Nai-mu-ena kept the mirage to his body, and he pondered long and thought deeply.
Nothing existed, not even a stick to support the vision: our Father attached the illusion to the thread of a dream and kept it by the aid of his breath. He sounded to reach the bottom of the appearance, but there was nothing. Nothing existed.
Then the Father again investigated the bottom of the mystery. He tied the empty illusion to the dream thread and pressed the magical substance upon it. Then by the aid of his dream he held it like a wisp of raw cotton.
Then he seized the mirage bottom and stamped upon it repeatedly, sitting down at last on his dreamed earth.
The earth phantasm was his now, and he spat out saliva repeatedly so that the forests might grow. Then he lay down on his earth and covered it with the roof of heaven. As he was the owner of the earth he placed above it the blue and the white sky.
Thereupon Rafu-emas, the man-who-has-the-narratives, sitting at the base of the sky, pondered and he created this story so that we might listen to it here upon earth.
From Technicians of the Sacred— Translation after K.T. Preuss, Die Religion und Mythologie der Uitoto (1921)
Jerome Rothenberg
Genesis
1.
In the beginning the word gave origin to the father.
2.
A phantasm, nothing else existed in the beginning: the Father touched an illusion, he grasped something mysterious. Nothing existed. Through the agency of a dream our Father Nai-mu-ena kept the mirage to his body, and he pondered long and thought deeply.
Nothing existed, not even a stick to support the vision: our Father attached the illusion to the thread of a dream and kept it by the aid of his breath. He sounded to reach the bottom of the appearance, but there was nothing. Nothing existed.
Then the Father again investigated the bottom of the mystery. He tied the empty illusion to the dream thread and pressed the magical substance upon it. Then by the aid of his dream he held it like a wisp of raw cotton.
Then he seized the mirage bottom and stamped upon it repeatedly, sitting down at last on his dreamed earth.
The earth phantasm was his now, and he spat out saliva repeatedly so that the forests might grow. Then he lay down on his earth and covered it with the roof of heaven. As he was the owner of the earth he placed above it the blue and the white sky.
Thereupon Rafu-emas, the man-who-has-the-narratives, sitting at the base of the sky, pondered and he created this story so that we might listen to it here upon earth.
From Technicians of the Sacred— Translation after K.T. Preuss, Die Religion und Mythologie der Uitoto (1921)
Jerome Rothenberg
18 de outubro de 2013
The Politics of Ethnopoetics
Four thousand different languages and cultures about the year 1900, also being swept away in the inexorable push towards monoculture. Monoculture has had two specific kinds of fuelling in the last six thousand years. In that fifty thousand year time scale (I owe a great deal to Dr. Stanley Diamond for my sense of this), the major part of man's interesting career has been spent as a hunter and gatherer, in “primary" cultures. As recently as 12,000 years ago, agriculture began to play a small part in some corners of the world. It's only in the last 3 millenia that agriculture has really penetrated widely. Civilization, 8,000 years old; class structure, surplus wealth accumulation, literate societies which on balance in that total represent a very small part of human experience; literacy representing an even tinier part of human experience, since it's only been in the last two centuries that any sizable proportion of any civilized country has had much literacy. Thus oral literature, the ballad, the folktale, myth, the songs, the subject matter of “ethnopoetics" has been the major literary experience of mankind. Understanding that, it becomes all the more poignant when we realize that the richness is being swept away.
Now, in the first issue of Alcheringa, Jerome Rothenberg and Dennis Tedlock made a statement of intention which I'd like to refer back to because it also seems to me that gathering here in this way, almost _ve years later, we can take a look back and see how those original stated intentions of Alcheringa seem to us now and how we'd worked with them. Eight points in this statement. “As the first magazine of the world's tribal poetries, Alcheringa will not be a scholarly journal of `ethnopoetics,' so much as a place where tribal poetry can appear in English translation an can act (in the oldest and newest of poetic traditions) to change men's minds and lives." Note that, "to change men's minds and lives." While its sources will be different from other poetry magazines it will be aiming at the struggling and revelatory presentation that has been common to our avant-gardes. Along the way we hope: (1) by exploring the full range of man's poetries to enlarge our understanding of what a poem may be; (2) to provide a ground for experiments in the translation of tribal/oral poetry and a forum to discuss the possibilities and problems of translation from widely divergent cultures; (3) to encourage poets to participate actively in the translation of tribal/oral poetry; (4) to encourage ethnologists and linguists to
do work increasingly ignored by academic publications in their fields, namely to present the tribal poetries as values in themselves, rather than as ethnographical data; (5) to be a vanguard for the initiation of cooperative projects along these lines between poets, ethnologists, songmen, and others; (6) to return to complex/`primitive' systems of poetry, as (intermedia) performance, etc., and to explore ways of presenting these in translation; (7) to emphasize by example and commentary the relevance of tribal poetry to where we are today; (8) to combat cultural genocide in all of its manifestations."
I think that most of us understand what has happened in regard to those areas of interaction described in points 2 through 7 over the last four or five years, so I'm going to concentrate my comments on the two points “combat cultural genocide" and "what a poem may be."
To combat cultural genocide one needs a critique of civilization itself, and some thought about what happens when “crossing barriers" takes place; when different, small, relatively self-sufficient cultures begin to contact each other and that interaction becomes stepped up by a historical process of growing populations, growing accumulation of surplus wealth and so forth. It's probably true that there's a certain basic cross-cultural distrust in small societies that is resolvable by trade, exchange, or periodic gambling games, festivities, and singing together. The sheer fact of distance alone, physical distance between two households, makes one group think of those other people as “the others."
Gary Snyder
Gary Snyder
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