retirado do Diário do Centro do Mundo
(FOTOS DE MAURO DONATO)
Duas manifestações em locais distintos marcadas em torno do mesmo tema saíram simultaneamente pelas ruas de São Paulo na tarde de segunda (7).
Uma partiu do vão livre do MASP, repleta de professores. A outra deu largada em frente ao Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, também com professores integrando o bloco, mas acompanhada de centenas de black blocs.
Ambas em apoio aos professores em greve do Rio de Janeiro, mas faixas e gritos de guerra davam conta da exigência de uma melhoria do sistema de ensino também em São Paulo.
Os dois grupos encontraram-se em frente à Secretaria de Educação, na praça da República, formando uma grande massa. Porém, ah porém, lá estava também um grande efetivo de policiais. Tática, Choque, Rocam… até bombeiros.
O cenário todo pronto, aguardando apenas aquilo que se chama de “atividade”. O clima exala tensão desde o primeiro minuto. É só questão de tempo para que eu veja duas bombas passarem sobre minha cabeça e aterrissarem no meio da tropa fardada.
O revide por parte da PM foi imediato e é impressionante como black blocs e PMs já estão tomando gosto pela coisa. Não são só os mascarados que estão curtindo essas batalhas. A PM parece estar adorando.
O centro de São Paulo tornou-se praça de guerra mas até que ponto aquele ostensivo e repressor aparato policial não fomenta isso? Tornou-se cíclico. Os dois grupos (policiais e os black blocs) a cada rodada acumulam richas e “juram-se” para a próxima. Já se conhecem, fazem até brincadeiras entre si antes do embate! No entanto, a violência parece aumentar. Quando a chuva de bombas de gás começa, o caos se instala e os dois blocos surtam.
Próximo ao 1º Distrito Policial, uma viatura foi atacada, depredada e virada por manifestantes. Para não deixar barato, a PM continua mirando indiscriminadamente e, pela segunda vez, tive o pé atingido por uma bomba (nada grave, apenas uma quebra da unha).
O saldo da noite, até o momento, foi de 6 feridos (os dois mais graves que vi foram uma fratura de perna e um crânio à mostra) e 7 detidos.
As manchetes de TV ao final da manifestações são padronizadas em: “Acabou em quebra-quebra agora há pouco…”, banalizando o ato, reduzindo-o à baderna. Na data de hoje, não poderei acusar a Globo de sensacionalismo caso ela faça isso. Foi assim mesmo que terminou e era esse mesmo o combinado entre as partes.
A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
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