A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

28 de dezembro de 2009

The delicate sound of silence

The delicate sound of silence
(Tomás Mais, 2002)

I scream,
yet no one hears.

No one hears the thunderous tone of my foul voice.
A butterfly scream it is.
The delicate sound of silence.

The shout reverberates in my skull,
but the mob still stands still.
And the echo grows...

Violate the system
and bring down the wall!
Break the chains
and tear your masks apart!

Dependance will be cursed,
and the mischievous will be overwhelmed
by the limbo they will be drowned in!

...

... to chant in the party is not my destiny ...

So it is that I’ll scream no more
For I dream dreams of peace
Where the language I speak
is not the one you longed for.


Ode a imbecilidade

Ode a imbecilidade
(Tomás Mais, 2004)

Se algum dia rolarem
lágrimas rubras de sangue
da rutila carne de teus olhos

E as pálpebras serrarem
como ameias da muralha
que guarnecem teus desejos vis

Não te percas no labirinto
pois não há escolhas certas

Faça dele uma reta
tão simples quanto certa
e de fronte ao fogo
persiga a miragem
que de ti se esconde

Mas se sem fim pareça
se de volta esteja
ao ponto da incerteza
ponha a máscara
do homem decido

O mundo lhe abraçará

17 de dezembro de 2009

O Sonho e a Revolução.

O sonho não é o contrário da realidade. Ele é um aspecto real da vida humana, assim como a ação; e um e outra, bem longe de se excluírem, se completam. Mas, este aspecto, negligenciado ou voluntariamente relegado ao plano das superstições perigosas pela civilização atual (a das casernas, das igrejas e das delegacias) contém os fermentos de revolta mais violentos por serem os mais profundamente humanos. Compreende-se que a vontade de obscurantismo dos matres à penser seja sempre manifestada por um desprezo total em relação ao sonho. Sua inteligência se limitou a tolerar (e talvez favorecer) a difusão das "Chaves dos sonhos", obras desnaturadas, de caráter puramente supersticioso, fantasioso ou idiota. Mas os povos que o odioso bom senso europeu se obstina em denominar "primitivos" (primitivos porque nunca conhecerão os segredos da bomba atômica, ou simplesmente da hipocrisia diplomática) concedem ao sonho um lugar de primeiro plano.

Freud, desvelando o mecanismo do sonho, interpretando-o, demonstrou que ele constituía o perfeito revelador das tendências e dos desejos mais secretos do homem. Sabe-se agora que não existe sonho gratuito, que pelo simples fato de sonhar o homem muda seu destino, mesmo que essa mudança permaneça imperceptível. Desperto, o homem apreende do mundo o que sua razão e seus sentidos bem quiserem lhe deixar aperceber, isto é, uma ínfima parte do que realmente é; em sonho, os objetos, os sentimentos, as relações mais audaciosas tornam-se-lhe lícitas, familiares. Desceu ao coração de si mesmo, ao coração das coisas.


Isto é válido tanto para as coletividades quanto para os indivíduos. Se o sonho é a expressão do desejo, se a explicação de um pode preludiar, numa certa medida, a realização do outro, o maior desejo coletivo é a revolução. G. C. Lichtenberg lamentava que a história fosse feita unicamente da narrativa dos homens despertos. Quando, numa noite, todos os explorados sonharem que é preciso acabar e como acabar com o sistema tirânico que os governa, aí então, talvez, a aurora surgirá em todo o mundo, sobre barricadas.


Jean Schuster
Le Libertaire, 26 de outubro de 1951.


Retirado de Surrealismo e Anarquismo: "bilhetes surrealistas" de Le Libertaire.
Plínio Augusto Coelho (org.). São Paulo: Imaginário, 1990.

Père Noël, le vieux très sympa.


Père Noël, le vieux très sympa
(Les Pourris Garçons).

Père Noël, un vieux sympa
Qui rejette les miserábles
Je vais le tuer
Parce qu´il est un porc capitaliste

Il présente les riches,
mais crache sur les pauvres
Il présente les riches,
mais crache sur les pauvres

les pauvres, les pauvres...

nous allons le séquestrer
et nous allons le tuer

Pourquoi?

Pourquoi?

Parce qu'ici il n'y a pas de Noël
Ici, il n'y a pas de Noël
Ici, il n'y a pas de Noël
Ici, il n'y a pas de Noël

Père Noël, un vieux sympa
Qui rejette les miserábles
Je vais le tuer
Parce qu´il est un porc capitaliste

Il présente les riches,
mais crache sur les pauvres
Il présente les riches,
mais crache sur les pauvres



Uma escolástica elástica:

A filosofia de Tomás Mais transcendeu os muros da academia. Um dos mais notórios movimentos sociais inspirados por suas idéias é a Confeitaria Libertária. Os ativistas desse movimento trans-fronteiriço são abundantes na terra natal do eminente pensador. Suas ações anunciam a alvorada de uma não-civilização mais doce...

http://www.midiaindependente.org/pt/red/2004/02/274623.shtml
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/09/330096.shtml
http://noticias.terra.com.br/especial/forumsocial/interna/0,6805,OI83139-EI1214,00.html
http://ralacoco.blogspot.com/2005/05/confeiteiros-sem-fronteiras-atacam.html
http://www.estadao.com.br/arquivo/economia/2004/not20040528p20295.htm
http://www.ainfos.ca/03/aug/ainfos00425.html
http://www.irwi.org.br/ongsinternacionais.htm (Confeiteiros sem Fronteiras)
http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=10705



13 de dezembro de 2009

La vie en close

la vie en close
c'est une outre chose

c'est lui
c'est moi
c'est ça

c'est la vie des choses
qui n'ont pas
un autre choix


Paulo Leminski

11 de dezembro de 2009

Por onde anda Tomás Mais?

O misterioso desaparecimento de Tomás Mais tem causado apreensão entre intelectuais de vanguarda.

4 de dezembro de 2009

Notas de uma biografia autorizada

Durante sua brilhante atuação como professor-pesquisador convidado da Universidade Quadrangular de Paris IV (Sorbonne, AP), o Dr. Tomás Mais influenciou sobremaneira todo o pensamento de uma geração. A princípio, suas idéias sobre a transformação libertária da sociedade trans-moderna foi recebida com forte resistência de setores conservadores do movimento estudantil da conturbada década de 1960.





Entretanto, o poder transformador das idéias de Mais venceu a resistência reacionária. Testemunhas oculares afirmam que o estopim das manifestações de Maio de 1968 em Paris, AP foi uma palestra proferida por Tomás Mais. A força de suas palavras fez com que estudantes entorpecidos, que até então jaziam semi-adormecidos em suas cadeiras, se levantassem e tomassem controle do prédio onde ocorria a aula magna. Uma batalha épica!



Tudo é muito pouco

É sempre tudo tão mesmo
É sempre tudo tão tudo
Queria dizer tudo
Mas tudo é muito pouco
Então não digo nada
Que dizer se esse silêncio não cala?

Como tornar a vida bela?

Ainda que cada indivíduo em uma sociedade deva ter seus próprios objetivos e desejos, é importante para uma sociedade sadia e coesa que esta tenha objetivos comuns ou, pelo menos, algum valor comum; algo que funde e conecte o tecido de relações sociais. Não há nada de novo aqui: cada um de nós opera a partir de uma base de princípios, normas morais internalizadas que sustentam nossas ações nas redes sociais, assim como, em uma escala de complexidade inferior, moléculas bioquímicas, células e tecidos operam como sustentáculos para a vida.

A questão é: o que o conjunto da Humanidade quer para si, enquanto sociedade?

A História é recheada de manifestos sobre o tema. Mas você já se perguntou quais são os valores comuns da sua Utopia pessoal? Qual é o SEU manifesto?

A vida é bela...

Manchetes de O Globo Online, em 04 de dezembro de 2009:

DF: Arruda retoma rotina para continuar no governo.
Mensalão mineiro: Eduardo Azeredo vira réu no STF.
Ex-prefeito de NY dará consultoria ao Rio na área de segurança.
Mãe acorrenta filho e sai com o namorado em SP.
Chinês faz contrato para ser agredido pela esposa uma vez por semana.