A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

27 de junho de 2014

Quem


Quem diante do amor
ousa falar do Inferno?

 
Quem diante do Inferno
ousa falar do Amor?

 
Ninguém me ama
ninguém me quer
ninguém me chama de Baudelaire


Isabel Câmara

26 de junho de 2014

rumores

há um espanto dentro dos rumores esquecidos das palavras
um lugar onde as palavras deixam de ser coisas que dizem coisas
para se tornarem um bater de asas
pelos ares do nada

Salvador Passos

Ludismo

Quebrar o brinquedo
é mais divertido.

As peças são outros jogos:
construiremos outro segredo.
Os cacos são outros reais
antes ocultos pela forma
e o jogo estraçalhado
se multiplica ao infinito
e é mais real que a integridade: mais lúcido.

Mundos frágeis adquiridos
no despedaçamento de um só.
E o saber do real múltiplo
e o sabor dos reais possíveis
e o livre jogo instituído
contra a limitação das coisas
contra a forma anterior do espelho.

E a vertigem das novas formas
multiplicando a consciência
e a consciência que se cria
em jogos múltiplos e lúcidos
até gerar-se totalmente:
no exercício do jogo
esgotando os níveis do ser.

Quebrar o brinquedo ainda
é mais brincar.

Orides Fontela

24 de junho de 2014

Não me Venham com Metafísicas


o corpo e a matéria em prosa
aqui e agora
nada de primeiros motores
nada de supremos valores
isso fica para os filhos da pátria
nem francisco de assis nem santa teresinha
amai-vos uns sobre os outros
nada de temores e tremores
nem de noite escura da alma
a prosa é preferível
"sei de um estilo penetrante
como a ponta de um estilete". flaubert
é só isso

Sebastião Uchoa Leite

20 de junho de 2014

Surpresa: uma tecnologia contra o capitalismo?



Multiplicam-se ferramentas que libertam seres humanos das empresas, ao permitir que produzam em colaboração direta. Quais são? Como sistema tenta sabotá-las?

Por Ricardo Abramovay*

Resenha de The Zero Marginal Cost Society- The Internet Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism ["A Sociedade de Custo Marginal Zero: a Internet das coisas. os Commons Colaborativos e o Eclipse do Capitalismo" , de Jeremy Rifkin. Palgrave MacMillan. 368 págs., US$ 20,97

O livro de Jeremy Rifkin é uma ambiciosa tentativa de formular nova narrativa para a utopia que desabou junto com o muro de Berlim, em 1989. Sua profecia mais ousada é que o capitalismo entrará em irreversível declínio ao longo das próximas três décadas. Ele não será substituído por aquilo que costuma ser considerado seu oposto, ou seja, a propriedade estatal dos grandes meios de produção e troca, orientada pelo planejamento central.

Seu declínio não passará tampouco por mãos hostis, por processos de expropriação ou por eventos épicos como a tomada do Palácio de Inverno. Na verdade, o eclipse do capitalismo já está desenhado e decorrerá do avanço simultâneo da 00 e da economia colaborativa.

Não se trata de fé ingênua no poder da técnica: a ampliação das oportunidades de oferecer bens e serviços a partir da cooperação direta entre as pessoas (e cada vez menos, do mercado) depende do fortalecimento da sociedade civil e esbarra na gigantesca força dos interesses que procuram sempre limitar o alcance dos bens comuns (os commons, em inglês). Mas, diferentemente de qualquer época precedente, a produção e o uso de bens comuns conta agora com dispositivos cada vez mais poderosos. É nessa unidade entre a cooperação social e as mídias digitais que está a base para uma sociedade moderna, inovadora, colaborativa e descentralizada, funcionamento não se apoia nem nos mercados, nem na busca individual do lucro.

Jeremy Rifkin é professor de uma das mais prestigiosas escolas de gestão dos Estados Unidos, a Wharton. Além disso, é consultor de vários governos europeus e empresas globais. Como tantos outros intelectuais americanos, adotou postura crítica com relação ao papel das finanças na crise de 2008, apoiando o Occupy Wall Street. O mais intrigante neste seu último trabalho está no título: custo marginal zero é uma espécie de quadratura do círculo para a sabedoria econômica convencional. De fato, as primeiras páginas dos manuais ensinam que a natureza econômica dos bens e dos serviços deriva de sua escassez. É por serem escassos que os produtos são alocados por meio dos preços. A abundância generalizada (como bem o observaram, mesmo que sob enfoques diferentes, Marx, Stuart Mill e Keynes) conduziria a uma organização social com mecanismos totalmente diferentes dos que marcam a civilização atual.

140515-RifkinA era digital está abrindo caminho a uma economia da abundância. Isso não quer dizer, claro, que produzir matérias-primas minerais e agrícolas não custe nada, que os serviços ecossistêmicos sejam ilimitados ou que se tenha abolido a lei da entropia. Mas é cada vez maior o leque de bens e serviços da economia da abundância.
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Aquilo que hoje se encontra gratuitamente no YouTube e na Wikipedia só podia ser oferecido, duas décadas atrás, por uma típica economia da escassez: o consumidor era obrigado a comprar um disco, pagar pela leitura do jornal ou adquirir uma enciclopédia para obter utilidades hoje disponíveis de graça. A própria educação é e será cada vez mais apoiada em mídias digitais, como já mostram os seis milhões de estudantes, de todo o mundo, inscritos em cursos abertos, on-line, das melhores universidades americanas.

A grande novidade do século XXI é que essa revolução virtual já atinge a energia e o mundo material. Passou dos bits aos átomos. E aqui reside o extraordinário potencial transformador da internet das coisas. Ela é um tripé, formado pela unidade entre a internet das comunicações, a internet da energia e a internet da logística.

No campo da energia, a grande novidade não está apenas no caráter exponencial do crescimento das renováveis – sobretudo, da solar, cuja capacidade instalada vem dobrando anualmente nos últimos 20 anos. O mais importante tampouco é o avanço das eólicas, cujas turbinas são hoje mil vezes mais produtivas que em 1990. O fundamental é que esses avanços são acompanhados por uma radical descentralização: na Alemanha, 70% da energia renovável se originam em dispositivos instalados nas residências, nas oficinas ou nas fazendas. Em matéria de energia, os alemães serão não só, cada vez mais, consumidores, mas produtores de renováveis, ou, como diz Rifkin, “prossumidores”. Tanto mais que os próprios bens de consumo (dos eletrodomésticos aos automóveis) serão também dotados do poder de comunicar-se de forma inteligente, consumindo energias nos momentos de menor demanda e, muitas vezes, transmitindo energia para a rede.

O tripé da economia da abundância se completa com dispositivos como a impressora em três dimensões e as máquinas de corte a laser que permitem realizar numa escala local, individual, customizada e com imensa eficiência, aquilo que, até aqui, só era concebível como resultado da grande indústria. Se o sucedâneo da manufatura é a grande indústria, esta será substituída pelo que Rifkin batizou de “microinfofatura”. É um conjunto de técnicas e oportunidades que abrem caminho não só a uma extraordinária economia de recursos, mas a mudanças fundamentais nas bases sociais da oferta de bens e serviços.

Rifkin chega a dizer que a produção de massas dará lugar à produção pelas massas, numa espécie de recuperação dos ideais ghandianos de autoprodução e independência, mas sob condições técnicas que permitem competir com o que, até aqui, só era possível em virtude da grande indústria e da gigantesca concentração de poder que lhe é correlativa. Os prossumidores serão protagonistas decisivos não só na oferta de informação e de energia, mas também de bens materiais. É o que forma a infraestrutura de uma sociedade orientada pela produção e pelo uso de bens comuns.

Rifkin não deixa de mencionar, é claro, o imenso poder hoje em mãos dos gigantes que dominam a própria revolução digital. Mas a cultura do acesso aberto a inovações e a velocidade do avanço da tríade em que se apoia a internet das coisas abrem vias tão novas e promissoras para a cooperação social direta e para a valorização dos bens comuns que tornam persuasiva a ideia de que o capitalismo possa estar a caminho de seu eclipse.


* Publicado no Valor Econômico em 13/5/14.

18 de junho de 2014

Tática Black-Bloc ou Movimento Black-Bloc?

http://passapalavra.info/2014/06/96524

O momento errado para dizer certas coisas


Passaremos todo este mês e talvez o próximo arrecadando recursos para libertar os presos políticos dos governos do PT e da FIFA e em campanha exclusiva contra a criminalização.
 Por Daniel Caribé
ATUALIZAÇÃO! Todos os detidos foram liberados na madrugada do dia 14/06/2014.

Meus companheiros dizem que faço análises certeiras, porém em momentos errados. E se eles têm razão na segunda parte da afirmação, já na primeira eu tenho as minhas dúvidas. Dessa vez serei xingado não só por eles, mas também pelos Black Blocs e pelos governistas, mostrando todo o meu talento para o inoportuno. Vou errar no momento e no foco, mas faço assim porque me deprime ver tanta energia militante desperdiçada em espetáculos inúteis. E não me refiro à Copa.

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Como o Coletivo Tarifa Zero Salvador, movimento que tenho por referência na cidade, decidiu não participar de atos que não fossem construídos por movimentos sociais, fui para o “evento” no Campo Grande de observador e já prevendo a carnificina. Através do Facebook, partidos de esquerda e anarquistas passaram a semana convocando um ato para poucas horas antes do primeiro jogo da Copa que aconteceu em Salvador.

Chegando lá vi que, além do PSTU e do PSOL — e eu já sabia que não entrariam na fria de encarar o Exército e a Polícia Militar — havia uma centena de pessoas vestidas de preto. Após uma rápida assembleia, elas decidiram ir para a Fan Fest da FIFA, na Barra, sentido oposto ao estádio da Fonte Nova, onde o jogo já havia começado. Para quem ainda não sabe, a Fan Fest é a festa imposta pelo governo da FIFA aos governos locais, para animar as cidades que eles mesmos deixaram desertas. Sem a possibilidade de acertar o alvo maior, os manifestantes apostaram na fragilidade de um segundo.

Uma tropa de cem pessoas, andando contra o território proibido, sem nenhuma faixa expondo os motivos do ato, seguiu em direção ao seu próprio extermínio. Ora, pelo que eu saiba, Black Bloc é tática e não movimento. A grande mídia e os governistas passaram um ano tentando confundir as pessoas a respeito disso e nós, do outro lado, fomos fuzilados (ainda não passa de uma figura de linguagem, mas até quando?) por continuarmos sustentando outra tese. Os Black Blocs são importantes para garantir a segurança dos manifestantes, para barrar momentaneamente a polícia quando ela tenta implementar o terror contra os atos puxados pelas organizações da esquerda e por isso acabam ajudando àqueles que não estão preparados para o confronto. É a contraposição direta ao terrorismo de Estado e uma das expressões da rede de movimentos, organizações e táticas que se forma para construir mobilizações por fora do modelo tradicional e hierarquizado dos partidos de esquerda.

Mas se não há movimento social, por dedução lógica não pode haver também Black Bloc, e por isso fui embora. Sem essa rede que justifica a existência dos “Blocs”, eles não têm função a cumprir, a não ser que queiram ser eles mesmos o movimento que deveriam defender. Deixei para trás companheiros, Advogadas e Advogados Populares, com a tarefa que eles se deram de combater a criminalização de militantes tão em moda em tempos de governos de esquerda. Admirável e inglória tarefa. Ainda mais que nem um centavo dos milhões ganhos anualmente pelas centrais sindicais é direcionado para ajudá-los quando o “bicho pega”. A esquerda voltou a ser artesanal, com todas as dores e delícias que isso traz.

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Claro que não ouvi de ninguém ali no Campo Grande uma auto-declaração de Black Bloc. É bem provável que tenham a clareza que de fato não são. E é importante que todos não os vejam dessa forma. Mas se eles não eram Black Blocs, não me pareciam movimento social e evidentemente não eram partidos e sindicatos. O que era aquilo? Talvez seja minha ignorância que me leve a fazer este texto inoportuno, mas me deixaria feliz se alguém viesse aqui me mostrar que de fato sou. E por quê?

Apesar da evidente falta de organização prévia, havia a denúncia à Copa do Mundo que acabou de começar, e isso fazia deles pelo menos militantes de uma causa que entendo ser necessária, e portanto pertencentes a um campo o qual eu também construo. A forma como foram reprimidos também acaba por evidenciar o processo de criminalização dos movimentos sociais em especial, mas também de qualquer um que tente se posicionar contra os atuais governos, entre eles o temporário da FIFA. Mas isso não tira de mim o questionamento: qual é a efetividade do que se propuseram fazer?

Quinze minutos depois de ter ido embora recebo as primeiras mensagens vindas dos Advogados e Advogadas Populares: bombas de gás, balas de borracha e prisões ao final do Corredor da Vitória. Vinte e seis presos ao total (dezessete maiores de idade e nove menores). Os maiores de idade estão sendo enquadrados na Lei de Segurança Nacional e ficarão detidos até o final da Copa, no mínimo. E devem responder criminalmente por isso. Os menores de idade provavelmente serão liberados. Em um país que não rompeu com a Ditadura Militar no período que ficou conhecido como Transição Democrática, não se poderia esperar outra coisa. Vamos ter que pedir anistia também?

Agora passaremos todo este mês e talvez o próximo arrecadando recursos para libertar os presos políticos dos governos do PT e da FIFA e em campanha exclusiva contra a criminalização.

É fato que em Salvador não se desenhava nenhum tipo de mobilização significativa, e a prova é que hoje não havia sequer um coxinha no ato e até o que restou da esquerda pouco se fez presente. Por outro lado, o PT e seus satélites ainda exercem uma grande hegemonia dentro dos aparelhos e movimentos historicamente construídos pela esquerda aqui em Salvador, paralisando parte significativa da energia militante da cidade. A Copa ganhou a cidade de goleada. Os que há um ano se somaram à esquerda para preencher as ruas passavam direto sem olhar de lado, e chegariam finalmente à Fonte Nova, sem a nossa companhia dessa vez e sem deixar saudades uns para os outros.

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Mas este mês poderia ser, ainda assim, um momento para evidenciar os processos de venda da cidade, como o Edital de Transportes e outras tantas demandas latentes. E por solidariedade de classe teremos que direcionar as energias que nos restam para libertar estes companheiros presos em um ato que não teve nenhuma repercussão e que não somou em nada. Não me resta aqui fazer outra coisa a não ser convidar a todos para se somar a essa campanha. Mas também não dá mais para fingir que não concordo com determinadas táticas.

Sim, precisamos denunciar os empresários e suas artimanhas de ampliação da exploração dos trabalhadores. Precisamos denunciar os governos e seus aparatos repressivos, inclusive os geridos pela esquerda. Mas precisamos, antes disso tudo, criar uma consciência de classe que nos coloque no mundo para além dos nossos desejos individuais e dos resquícios de cristianismo que nos empurram para os movimentos somente para curar nossas frustrações pessoais ou para nos livrar da culpa.

***
Recomendo muito a leitura da série de artigos de Marcelo Lopes de Souza, “Diferentes faces da “propaganda pela ação”: Notas sobre o protesto social e seus efeitos nas cidades brasileiras” e, dentro dela, o primeiro comentário postado por João Bernardo, por indicar mais dois textos e por deixar a seguinte reflexão:

O Passa Palavra publicou no final de Fevereiro o artigo «Autodefesa em manifestações, para quê?» http://passapalavra.info/2014/02/92329 e agora este artigo de Marcelo Lopes de Souza. Parecem-me ambos muito importantes, para mais tendo em conta o artigo «Teoria do caos» http://passapalavra.info/2014/03/92961 porque encetam uma reflexão sobre estratégia e táctica em manifestações, abandonando o plano das banalidades ou dos apelos emocionais. Todavia, com facilidade se esquecem duas coisas.

1) Frequentemente, o uso de acções consideradas violentas serve apenas para ocultar ou a incapacidade de mobilização de massa ou a vontade de manter a massa na passividade. E isto não ocorre apenas com grupos minúsculos. Assim, por exemplo, um certo movimento social pode contar com centenas de milhares de aderentes mas preferir usar duas ou três dezenas de militantes profissionais para bloquear uma auto-estrada com pneus a arder. Não consegue assim conquistar simpatias para a causa e corre até o risco de provocar a hostilidade de outros trabalhadores, especialmente camioneiros. É que o objectivo desse tipo de acções não consiste em organizar mas somente conquistar espaço nos noticiários, ou seja, trata-se de uma autopromoção.

2) Em muitos casos — receio mesmo que na maioria dos casos — é inútil explicar aos fanáticos das acções violentas em qualquer circunstância e a todo o preço que elas podem ser prejudiciais e não benéficas, que podem ser antipedagógicas, dificultarem a organização de massas e afastarem muitos trabalhadores. É inútil explicar porque é precisamente isso que eles querem. Em vez de pretenderem mobilizar as pessoas comuns, pretendem o contrário: destacar-se delas, cavar um fosso intransponível entre uma pequeníssima minoria activa e a esmagadora maioria dos trabalhadores relegados para a passividade. A fronteira é estreita e pouco definida entre o vanguardismo e o elitismo, e nestes casos trata-se de puro elitismo, com todas as consequências que daí advêm.


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As fotografias que ilustram este artigo foram tiradas pelo autor ainda na concentração do ato.

17 de junho de 2014

Cólera

Cólera from Sr.&Sra. on Vimeo.


1.f. Ira, raiva, impulso violento
2.m. patol. doença epidêmica aguda muito grave e contagiosa

2 de junho de 2014

poeta

a leste

nasço

sonhado em palavras



ao norte

cresço

crucificado em palavras



ao sul

esmaeço

alucinado em palavras



a oeste

esqueço

secreta galáxia


Afonso Henriques Neto