A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

6 de janeiro de 2011

O princípio anarquista

Em seus começos, a anarquista apresentou-se como uma simples negação. Negação do Estado e da acumulação pessoal do capital. Negação de toda espécie de autoridade. Negação ainda das formas estabelecidas da sociedade, embasadas na injustiça, no egoísmo absurdo e na opressão, bem como da moral corrente (...)

É evidente que espíritos tão profundos quanto Godwin, Proudhon e Bakunin, não podiam limitar-se a uma simples negação. A afirmação – a concepção de uma sociedade livre, sem autoridade, avançando para a conquista do bem-estar material, intelectual e moral seguia de perto a negação; ela era a sua contrapartida

(...) considerações relativas aos fundamentos históricos da idéia anti-autoritária, a parte que ela desempenhou na história, e aquela que deverá desempenhar no desenvolvimento futuro da humanidade.

“Nada de Estado” ou “nada de autoridade”, malgrado sua forma negativa, tinha um profundo sentido afirmativo em suas bocas.

Era um princípio filosófico e prático, significando ao mesmo tempo que todo o conjunto da vida das sociedade, tudo – desde as relações cotidianas entre indivíduos até as grandes relações das raças para além dos oceanos – podia e devia ser reformado, e o seria necessariamente, cedo ou tarde, segundo os princípios da anarquia: a liberdade plena e completa do indivíduo, os grupamentos naturais e temporários, a solidariedade, passada ao estado de hábito social.

(...) Ela é um princípio de luta de todos os dias.

(...) um princípio falseado pela ciência estatista e pisoteado pelos opressores, mas sempre vivo e ativo, sempre criando o progresso, malgrado e contra todos os opressores. Um princípio, enfim, que exige a reconstrução de toda a ciência física, natural e social.
Piotr Kropotkin

Ilha das Flores

5 de janeiro de 2011

aformismos II

amorfa forma da forma forma
a forma forma não forma a forma
quem forma a forma da forma fôrma?

Salvador Passos

"Mother Earth, witness how my enemies shed my blood." Túpac Amaru


In Cuzco in 1589, Don Mancio Serra de Leguisamo — one of the last survivors of the original conquerors of Peru—wrote in the preamble of his will, the following, in parts:
We found these kingdoms in such good order, and the said Incas governed them in such wise [manner] that throughout them there was not a thief, nor a vicious man, nor an adulteress, nor was a bad woman admitted among them, nor were there immoral people. The men had honest and useful occupations. The lands, forests, mines, pastures, houses and all kinds of products were regulated and distributed in such sort that each one knew his property without any other person seizing it or occupying it, nor were there law suits respecting it… the motive which obliges me to make this statement is the discharge of my conscience, as I find myself guilty. For we have destroyed by our evil example, the people who had such a government as was enjoyed by these natives. They were so free from the committal of crimes or excesses, as well men as women, that the Indian who had 100,000 pesos worth of gold or silver in his house, left it open merely placing a small stick against the door, as a sign that its master was out. With that, according to their custom, no one could enter or take anything that was there. When they saw that we put locks and keys on our doors, they supposed that it was from fear of them, that they might not kill us, but not because they believed that anyone would steal the property of another. So that when they found that we had thieves among us, and men who sought to make their daughters commit sin, they despised us."

Tupaq Amaru, last Inca King, prisoner of the Spaniards, 1572 (drawing by Guaman Poma de Ayala)
Spaniards executing Tupac Amaru in 1572 (drawing by Guaman Poma de Ayala)

3 de janeiro de 2011

Bota pra Fudê

Ezekiel 25:17




"The path of the righteous man is beset on all sides by the iniquities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is The Lord when I lay my vengeance upon thee."


aformismo



Salvador Passos