A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

2 de julho de 2014

The Onion

The Onion, by Wisława Szymborska

Translated by Stanislaw Baranczak and Clare Cavanagh

the onion, now that’s something else
its innards don’t exist
nothing but pure onionhood
fills this devout onionist
oniony on the inside
onionesque it appears
it follows its own daimonion
without our human tears
our skin is just a coverup
for the land where none dare to go
an internal inferno
the anathema of anatomy
in an onion there’s only onion
from its top to it’s toe
onionymous monomania
unanimous omninudity
at peace, at peace
internally at rest
inside it, there’s a smaller one
of undiminished worth
the second holds a third one
the third contains a fourth
a centripetal fugue
polypony compressed
nature’s rotundest tummy
its greatest success story
the onion drapes itself in it’s
own aureoles of glory
we hold veins, nerves, and fat
secretions’ secret sections
not for us such idiotic
onionoid perfections

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