A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010
Mostrando postagens com marcador Octávio Paz Lozano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Octávio Paz Lozano. Mostrar todas as postagens

20 de abril de 2015

O poeta inocente é um mito

O POETA INOCENTE É UM MITO, MAS UM MITO QUE FUNDA A POESIA. O POETA REAL SABE QUE AS PALAVRAS E AS COISAS NÃO SÃO A MESMA COISA E POR ISSO, PARA ESTABELECER UMA PRECÁRIA UNIDADE ENTRE O HOMEM E O MUNDO, NOMEIA COISAS COM RITMOS, SÍMBOLOS E COMPARAÇÕES. AS PALAVRAS NÃO SÃO COISAS: SÃO AS PONTES QUE ESTENDEMOS ENTRE ELAS E NÓS. O POETA É A CONSCIÊNCIA DAS PALAVRAS, ISTO É A NOSTALGIA DA REALIDADE REAL DAS COISAS. É CERTO QUE AS PALAVRAS TAMBÉM FORAM COISAS ANTES DE SER NOMES DE COISAS: NO MITO DO POETA INOCENTE, ISTO É, ANTES DA LINGUAGEM.

Sobre o autor:
Octávio Paz Lozano (1914-1998) foi um poeta, ensaísta, tradutor e diplomata mexicano, notabilizado, principalmente, por seu trabalho prático e teórico no campo da poesia moderna ou de vanguarda. Recebeu o Nobel de Literatura de 1990.