A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010
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21 de dezembro de 2016

Julho (Uma Introdução)



Essa nossa cidade drives the people
A gente tem vontade de pegar o 436 grajaú pra ir ver a rosa weber, rosa luxemburgo, rosa rosa
Mas o sistema público de transporte
não é rima, não tem graça
e nem é solução
Pra esse tipo de vontade

Eu agradeço a essa vontade
porque ela, viva,
continua viva
a cidade,

Apesar de

A cidade está tão perigosa
A cidade está tão cara
Ela disse
Eu tenho medo de sair depois de escurecer e não saber voltar pra casa

Você tem que aprender
que a vida sempre é
Apesar de

Aqui da fila do banco pensar no mar é
O momento de luxo prensado entre o edifício e o automóvel
O assalto ao apartamento no alto Leblon
O perigo

Aqui,
onde o carpete é grama brotada azul e crespa
regada a ar condicionado e insulfilm roxo

Dá pra ver que certa estava minha tia avó tereza,
Que me ensinou a pegar o ônibus sozinho pra ir pra escola e a pisar no pé das pessoas que não me deixassem passar quando chegasse o ponto

A violência
Vive junto com a cidade, no meio da cidade, por dentro
A cidade somos nós, a violência são os outros

Mal sabiam eles
que o paraíso
são os outros

Mas
É verão no Rio de Janeiro
O relógio marca sete horas
e ainda faz sol
A felicidade não é
Mas é quase como se fosse

E hoje, pelo menos até umas seis,
Parece que a vida aqui ainda é
E que talvez até mereça
E que talvez ainda por cima valha a pena
Continuar sendo

Mesmo que
Muitas vezes ela seja só
Como se fosse

Pedro Sodré e Lucas van Hombeeck