fora do tempo,
escreveu meu nome
na paisagem
dos entes
que me foram
sem que eu fosse.
Sou o que partilha
o sangue onírico
desse rio de sobras
de etnias
Foi preciso ungir ervas
ao couro
e cozer o esquecimento
em fogo brando;
foi preciso erguer
palavras finas
entre o desejo
e os cães da esquina.
(Eu vi a chuva escorrer
do teto das casas velhas
para crescer onde a vida
é barro.)
E lavrar a língua dos mortos
Que de regresso
açoita a lira,
no tempo que passou
sem que eu passasse.
Salgado
Maranhão