A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
6 de junho de 2012
4 de junho de 2012
deus algum
deus
algum
indu
ogum
vishnu
precisa
da tua prece
tua pressa
pessoa
só teu pulso
acelera
você padece
padecer
te resta
tudo
um belo dia
desaparece
p.leminski
a medida das coisas
somos a medida de todas as coisas
(indevida medida)
incomensurável é a vida
o mundo:
o tudo e o nada
num mesmo segundo
Salvador Passos
(indevida medida)
incomensurável é a vida
o mundo:
o tudo e o nada
num mesmo segundo
Salvador Passos
1 de junho de 2012
Malditos
Colocamos nas palavras aquilo que elas são
As mesmas palavras podem dizer todas as coisas
As palavras dizem o que é e o que não é
Criamos Deus, por meio das palavras, e dissemos que somos seus filhos
Somos pais do nosso pai
O fato de não ser não mais importa
Pois se há idéia de um Deus que é
então há um Deus
Ou dito de outra forma:
o que há não é o Deus em si, mas a compaixão que colocamos na base da palavra
Tiramos de Deus aquilo que colocamos no seu nome
Se plantamos ódio é o que vamos colher
Como separar o joio do trigo
A transconsciência dos dizeres na morfologia operada pela poesia
Ficamos a margem de tudo esperando
Até o dia que alguém usando as mesmas ferramentas
corta galhos novos
vê na evidência da sombra dos dizeres
a luz que não contempla
fazendo treva em luz
não como os velhos na caverna sombria de Platão
O cego Homero com seus mitos viu além das sombras
Eis então que podemos matar ao Deus filho nosso pai
Como enfim fizemos na cruz
E mesmo tendo matado a palavra Deus
Ainda assim haverá um Deus filho
Um Deus que é pai e filho
As palavras são este Espírito Santo que voa pelos ares do pensar
As palavras se transformam no tempo
Como o pão em carne
Como o vinho em sangue
Só assim
Além das sombras
Pelos mitos
Pelo sonho é que somos
este transformar faz história e está nos mitos
Pois a verdade da verdade não está na verdade
A verdade está no poder dizer o que se quer dizer
E se fazer entender por completo com o pouco que se fala
Os poetas dizem o que ainda queda por ser dito
Dizem por meio de outras palavras as palavras que ainda não existem
Os poetas pais do Deus utópico
Filhos desta utopia mãe que é pai e filha
Filha das palavras sem pai
Filhas desta sombra sem árvore
Somos filhos de nós mesmos
Somos o que colocamos nas palavras
Os poetas dizem o não dito
Os malditos
Salvador Passos
As mesmas palavras podem dizer todas as coisas
As palavras dizem o que é e o que não é
Criamos Deus, por meio das palavras, e dissemos que somos seus filhos
Somos pais do nosso pai
O fato de não ser não mais importa
Pois se há idéia de um Deus que é
então há um Deus
Ou dito de outra forma:
o que há não é o Deus em si, mas a compaixão que colocamos na base da palavra
Tiramos de Deus aquilo que colocamos no seu nome
Se plantamos ódio é o que vamos colher
Como separar o joio do trigo
A transconsciência dos dizeres na morfologia operada pela poesia
Ficamos a margem de tudo esperando
Até o dia que alguém usando as mesmas ferramentas
corta galhos novos
vê na evidência da sombra dos dizeres
a luz que não contempla
fazendo treva em luz
não como os velhos na caverna sombria de Platão
O cego Homero com seus mitos viu além das sombras
Eis então que podemos matar ao Deus filho nosso pai
Como enfim fizemos na cruz
E mesmo tendo matado a palavra Deus
Ainda assim haverá um Deus filho
Um Deus que é pai e filho
As palavras são este Espírito Santo que voa pelos ares do pensar
As palavras se transformam no tempo
Como o pão em carne
Como o vinho em sangue
Só assim
Além das sombras
Pelos mitos
Pelo sonho é que somos
este transformar faz história e está nos mitos
Pois a verdade da verdade não está na verdade
A verdade está no poder dizer o que se quer dizer
E se fazer entender por completo com o pouco que se fala
Os poetas dizem o que ainda queda por ser dito
Dizem por meio de outras palavras as palavras que ainda não existem
Os poetas pais do Deus utópico
Filhos desta utopia mãe que é pai e filha
Filha das palavras sem pai
Filhas desta sombra sem árvore
Somos filhos de nós mesmos
Somos o que colocamos nas palavras
Os poetas dizem o não dito
Os malditos
Salvador Passos
Incompletude
A maior riqueza
do homem é a sua incompletude
Nesse ponto sou
abastado.
Palavras que me
acertam como sou – eu não aceito.
Não agüento
ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis, que vê
a uva, etc, etc.
Perdoai.
Mas eu preciso
ser Outros
Eu penso
renovar o mundo usando borboletas.
Manoel de
Barros
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