A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

21 de outubro de 2011

Caminhamos distâncias intransponíveis para sermos nós mesmos

Caminhamos disntâncias intrasnponíveis para sermos nós mesmos
Esse vazio nos chega disto tudo
Somos o que nos chega,
o que nos suporta

Apenas somos em algum momento

Estamos nisso que chegamos agora
Este ponto que nós somos
subtraí-nos

Queria falar para todas as pessoas que calaram em mim
Todas disseram alguma coisa no fundo
& na superficie seguem me sobrando

Aquelas que falaram mais alto
Agora calam
É o mistério destas vozes que me fez quem sou
É nestes traços que nos encontramos e seguimos sendo
Somos a cada instante alguma outra coisa impermanente

Sinto que o não dizer de minhas faltas é muito mais eu mesmo do que este eu que aqui escreve

Como serei qualquer coisa se me sinto mais eu mesmo quando não sou?

Esta distância entre eu mesmo e esse esmo de mim mesmo é a medida do meu ser

Há nesta constatação um certo fatalismo
E todo fatalismo revela e liberta
Pois ao nos prender a algo inexorável, nos liberta do peso que nos prende

Se não há como resistir, se inventa

Salvador Passos

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