A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

13 de fevereiro de 2012

Para onde irão os Indignados e os “Occupiers”?




Leonardo Boff comentou sobre uma mesa do Fórum Social Temático em Porto Alegre onde ele acompanhou os " os testemunhos vivos dos Indignados da Espanha, de Londres, do Egito e dos USA".

O que me chamou a atenção foi a seguinte opinião de Boff: " os indignados, os “occupiers” e os da Primavera Árabe não se remeteram ao clássico discurso das esquerdas, nem sequer aos sonhos das várias edições do Forum Social Mundial."

Será que estamos mesmo diante de algo radicalmente novo?

2 comentários:

  1. Fiquei na pista em relação aos seus comentários acerca do artigo do Leonardo Boff?

    "Será que estamos mesmo diante de algo radicalmente novo?"

    Acha que o artigo do Boff foi chapa branca do tipo: "O exemplo é Islândia! A Islândia é o supra-sumo revolucionário!"

    Neste sentido entendo que você esta dizendo algo do gênero: "Se o máximo que o movimento Ocupa atingiu foi a Islândia é porquê na real ele não é tão revolucionários assim???"

    Concordo que não é tão excitante quanto uma revolução de verdade, mas em comparação com o que se vive na Grécia é mais humano não acha? Não é um novo paradigma, não é algo para além do capitalismo. No máximo um capitalismo mais humano, mas é um chute no saco dos banqueiros e um recolocada da democracia representativa de volta nos trilhos (ao menos temporariamente)...

    Entendi o teu ponto?

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  2. hermano, acho que você foi um pouco longe na reflexão.

    O que eu achei interessante é que, para o Boff, que já tem anos suficientes de estrada, os Ocupas e Indignados são coisa totalmente nova no cenário. Não têm nada a ver nem com a velha esquerda empoeirada - aquela, que está em crise há tanto tempo, e nos deixou órfãos (felizmente); nem com o Fórum Social Mundial, que era a grande novidade desde o princípio dos anos 90.

    Então a questão é simplesmente essa: será que é radicalmente novo de tudo que veio antes? Que frutos dará essa árvore?

    Foda-se a islândia.

    Sim, Leonardo Boff é mei chapa-branca. Demasiadamente otimista (afinal, parece que ele vê providência divina por trás disso tudo). Praticamente uma Poliana de barbas.

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